Até quando?

Brasil, o país do futuro?Havia um tempo em que essa frase fazia todo sentido passaram-se alguns anos e vemos o quanto a mesma frase é uma utopia pura...
Como ser um país do futuro com a violência sendo cada vez mais banalizada, as desigualdades sociais se intensificando e mesmo com os dados maquiados do IBGE que empurram garganta abaixo a ideia de que o tal país ficou melhor.
Francamente, o que vejo é apenas os alicerces que colaboram na construção de um grande país estão comprometidos, seja na saúde, educação, segurança, habitação, o caos se faz presente e há quem diga que isso tem solução e qual seria a solução de tudo isso?O famoso jeitinho brasileiro?Aquele em que usamos da lei da vantagem pra obter benefícios?Ou aquele que ostenta até dizer chega o seu mundinho fake.
Recentemente tivemos o episódio da "Marcha da liberdade" que luta por uma causa ainda a ser discutida com muita calma pela sociedade brasileira.Afinal de contas, o consumo de drogas lícitas(Álcool, Cigarro) ou Ilícitas(Maconha, Cocaína), merecem ser reconhecidas com uma doença e não apenas um desvio de conduta.Afinal de contas, o álcool faz mais vítimas em todo Brasil do que muitas substâncias marginalizadas pela sociedade. Porém, por outro lado o que vemos é a polícia tentando de todas as formas coibir esse tipo de manifestação seja pela "Marcha da liberdade", "Melhoria da educação", enfim é mais fácil usar de força maior do que sentar e negociar ou apenas respeitar.Ando me perguntando muito nos últimos tempos e a tal da famosa liberdade de expressão?
Sinceramente, ando sem a menor paciência pra falar da pouca vergonha que está aos olhos de todos em nosso país e nada me inspira em dizer que "Sou brasileiro e não desisto nunca..."Trabalho muito, pago meus impostos e não são poucos e quando olho com um olhar mais crítico ao que me cerca me vejo irritado com esse conformismo de quinta do qual somos instruídos a entender e até mesmo se convencer como algo normal...
Existem aqueles que dizem aos quatro ventos que somos privilégiados por não termos fênomenos naturais e coisas do tipo...Agora do que adianta ter esse privilégio e não termos uma educação digna, o direito de ir e vir, um sistema de saúde digno e acima de tudo sermos respeitados e não meramente vistos como fantoches por um grupinho seleto de pseudo-políticos...Até quando?

Gleidson Allan

Adriana Calcanhotto nos brinda com "O Micróbio do Samba".

Outro dia, ouvi o mais recente cd da Adriana Calcanhotto "O micróbio do Samba" e logo nos primeiros acordes deste projeto dedicado ao samba tive a percepção do quanto ficou genial a copilação dos 12 sambas muito bem cantados e executados pela artista.
A idéia de ouvir uma gaúcha flertando com o samba é de encher os olhos...Depois de compor "Vai saber? e Beijo Sem" ambas canções compostas pra serem registradas pela Marisa Monte.A cantora gaúcha pegou gosto pelo universo do samba e se deixou contagiar deixando a criatividade falar mais alto.Passaram-se alguns anos sob encomenda de compor mais um samba pra uma trilha sonora eis que a artista começa a registrar outros sambas de sua autoria e no final de todo esse processo criativo o tal do "Micróbio do Samba" estava pronto e disposto a conquistar os corações ávidos por música em sua melhor porção.
Se antes tínhamos "Universo ao Meu Redor (Marisa Monte), Samba Meu (Maria Rita),agora, "O Micróbio do Samba" eis que chega a altura dos registros anteriores.
O projeto "O Micróbio do Samba" só vem reafirmar do quanto é importante a criação sem qualquer imposição por hits ou aceitação do público.A música mais uma vez cumpre seu papel comunicando-se sem qualquer tipo de intenção a não ser produzi-la em sua melhor esfera.
Entre os 12 sambas inseridos em "O Micróbio do Samba", algumas músicas se destacam nesta compilação;

"Vai saber?, Beijo Sem,Vem me ver,Deixa Gueixa,Você disse não lembrar"

Infelizmente a turne promocional do disco "O Micróbio do Samba", não acontecerá no Brasil por conta de motivo de força maior, já que a Adriana fará uma cirurgia no pulso e com isso a turne ficará restrita aos 3 shows que foram realizados há pouco tempo em Portugal.

Gleidson Allan

O tempo muda a gente o tempo todo.

Escrito em; 13/02/2011

Outro dia revendo algumas fotos tiradas nos últimos anos percebi o quanto mudei de lá pra cá...tantas coisas vivenciei, tantas foram as pessoas que passaram em minha vida algumas de maneiras êfemeras e outras nem tanto assim...A única certeza em tudo isso é do quanto amadureci.Hoje certamente, lido melhor com muitas questões com muita maturidade a tal ponto de rir de algumas situações e me questionar tempos depois, será que a vida é isso mesmo?
Hoje, talvez eu seja menos político em algumas situações, é aquela velha idéia se gostei é visível caso contrário passa batido...não, consigo e não preciso de sorrisos plásticos ao meu lado.
As vezes sinto falta da privacidade de uma época em que era apenas mais um entre tantos em uma multidão...Sinto falta de um cotidiano mais simples, de poder ficar com mau humor, alegria etc.
Quando lidamos com pessoas, aprendemos a contornar situações a todo tempo, administrando tais sentimentos...Não posso e nem devo reclamar de minhas conquistas agora as mesmas cansam...Nos últimos dias, ando bem reflexivo, pensando no futuro e de quais rumos seguirei...Ficar ou seguir?Eis a questão, já não sinto o mesmo apego de antes e tão pouco a vontade de alimentar algo muito além disso.
Acho saudável viver essas crises existenciais até pra que a chama do ser humano esteja acesa dentro de cada um de nós...Ser feliz é bom demais, ter êxito em suas ações é melhor ainda agora a vida é só isso?
As vezes um pouco de melancólia nos remete aos primórdios...aqueles anos árduos com dinheiro contado, vida limitada e mesmo com todas essas questões adversas encontrava algum tipo de felicidade naquela época...Hoje o cenário é bem diferente daqueles anos árduos...Trabalho muito mais e em consequência disso, tenho um retorno maior e mesmo com esse saldo positivo ainda assim sinto falta de algumas coisas...O ser humano nunca está contente com o que tem e sempre busca desvendar novos horizontes.Até por conta dos desafios serem a linha tênue entre viver e estar no limite...

Gleidson Allan

Marisa Monte prepara retorno triunfal em 2011.

Enquanto isso...a espera pelo próximo disco de inéditas da Marisa Monte segue seu percurso natural ou seja, se resumindo em pura ansiedade.A ideia de ter em mãos mais um disco de La Monte faz com que seus fãs por diversas vezes se peguem imaginando como será o próximo trabalho, e quais serão as novas contribuições sonoras de um legado que desde então faz parte de nossas vidas.
A música em todas as suas esferas tem o poder de nos transportar pra um universo paralelo e quando o assunto é Marisa Monte, essa regra toma proporções ainda maiores.Acompanho o trabalho da Marisa, desde muito tempo e de lá pra cá, inúmeras foram as fases e em todas elas várias foram as músicas que serviram como trilha sonora pra tais momentos.
O respeito pela música faz da Marisa, além de uma grande referência a prova viva de que a música está acima de qualquer vaidade e, é justamente esse o ponto que faz com que a minha admiração por ela ainda se intensifique...A ideia de lançar um disco, fazer shows, entrevistas e as esporádicas aparições na tv se fazem necessárias apenas quando o motivo real de tudo isso é justamente a promoção da boa e velha "Música".
Certamente, 2011, promete ser um ano em que os fãs da Marisa vão ao deleite com a confirmação de disco de inéditas no segundo semestre e antes disso algumas doses homeopáticas em projetos como HOT+Rio 2, em que regravou ao lado de Rodrigo Amarante,"Nú com a minha música" do Caetano Veloso e de quebra ainda a artista fará uma participação especial no primeiro disco de inéditas do Marcelo Yuka.
Só nos resta aguardar mais alguns meses e em breve mais um disco, turne e centenas de estórias a serem eternizadas com o registro de uma fase em que a voz da Marisa se fará presente dando o tom...

Gleidson Allan

Pitty, surpreende com prémiere de seu novo dvd.

Na noite desta última terça-feira(10/05), a roqueira Pitty concedeu uma entrevista ao vivo pelo novo canal da web Orkut com o objetivo de promover o tão aguardado dvd "A trupe delirante..." e em seguida uma prémiere com 12 músicas que fazem parte do material registrado em um show quente no antológico paldo do Circo Voador.
Entre outras coisas a roqueira comentou a respeito do show, carreira e da surpresa ao receber a notícia que o video promocional do primeiro single do novo projeto "Comum de dois", ultrapassou a marca de mais de 850 mil views em pouco mais de 20 dias no Youtube, uma marca invejável em termos de lançamento e esse números não param por ai...Em pouco menos de um mês o novo lançamento entrou na lista dos dvds mais vendidos só na pré-venda.
Em relação a prémiere do dvd "A trupe delirante..." fica claro a idéia de que o simples ainda faz toda diferença...A música está presente como a estrela principal falando alto e tendo seu espaço mais do que merecido, ou seja, nada muito além do que se espera em um momento como esse.
A vibe da pláteia é um atrativo ao telespectador que em alguns momentos se empolga com a condução direta de sensações entre o artista, a música e sua pláteia e até mesmo de quem está em casa curtindo a junção de tudo isso...
No repertório do show que deu origem ao dvd é possível encontrar o passado, presente e o futuro e com direito a uma releitura digna a altura do que representa Roberto Carlos sendo reverenciado pelo maior ícone do rock brasileiros da última década.
Entre os artistas brasileiros em atividade, a roqueira Pitty, consegue se destacar por sua postura simples e direta e em muitas vezes quebrando até mesmo esse protocolo.Basta analisarmos a letra de "Comum de dois" do qual o seu conceito pode ser interpretado de diversas formas do qual cada ouvinte tem a possibilidade de formar um conceito de acordo com a sua percepção.

Gleidson Allan

"Aprende esse refrão..."

Na atual fase do rock brasileiro com poucas coisas interessantes tocando no rádio e a tal famosa imposição arcaíca feita por Midas de plantão que mandam e desmandam no dial das Fms desse Brasil.
Eis que, Tico Sta Cruz e sua banda "Detonautas", liberaram uma versão de "Back to BLack" do AC/DC e com isso mandaram sua mensagem bem objetiva e direta...Precisamos do velho e bom rock n roll brazuca ecoando de maneira democrática nas rádios Fms desse imenso país.
Chega dessa produção em série do mais do mesmo e desse exército sem ideologia que impera em uma geração apática, em meio a chapinhas, franjas e tantas outras coisas cafonas do gênero...

Ps:Ouçam em alto e bom som essa versão dos Detonautas.Yeah!!!

Gleidson Allan

Um pouco de Manuel Bandeira

O Bicho

o bicho vivia na mata; livre, selvagem, indomado
caçando se tinha fome, dormindo se tinha sono, copulando quando no cio
o bicho era bicho solto

um dia, um pedaço de carne numa clareira, e o bicho seduzido
o bicho era sorrateiro, apanhava a barganha e fugia rápido, quase imperceptível
e todo dia ele voltava naquele lugar
e todo dia havia pedaço de carne mais suculento que o anterior
conquistado pela oferta fácil e cada vez mais abundante
o bicho abriu a guarda
o bicho acostumou
o bicho foi aprisionado

colocaram-no numa gaiola
tiraram-no do seu mato
reproduziram seu ambiente em plástico
naquele zoo
o bicho estava para ser visto
o bicho estava domado
o bicho era bicho cativo

dia após dia gente passava pelo seu cárcere
olhavam-no com curiosidade, ofereciam-lhe alimento
esperavam ansiosamente o momento
em que o bicho fosse bicho
tão agradável e seguro que ele fosse bicho dali de dentro!
que deleite aquelas barras de ferro, que maravilha, finalmente temos o bicho!

mas o bicho, murcho. sem vida. sem cor.
sem saber se ainda era bicho, ou se era artefato
“queremos ver o bicho rugir!”- diziam
e o adestrador cutucava o bicho, espezinhava o bicho, provocava o bicho
o bicho rugia, toda a gente aplaudia
davam-lhe mais uma porção, e passavam adiante
o próximo bicho, o próximo habitat inventado

e ficou assim até o seu fim
criado domesticado, esperando uma mão entre as grades,
um pedaço de carne e um agrado,
alguém qualquer que quisesse seu rugido murcho de bicho- espetáculo.




"O bicho, meu Deus, era um homem."
Manuel Bandeira